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06 agosto 2012

All in


        Faz meses que não jogo pôquer, mais, anos, desde o tempo em que jogava com meu tio, criei meu perfil e o dele no Everest, nick robinsoncrusoe2, tolice, ainda hoje não sei porque me identificava desse modo, e hoje, tempo infindo, ócio maldito, me lembro do jogo, abro o Facebook, seleciono o aplicativo, bloqueado, uns tempos atrás me enervei com tanta notificação, mesmo os amigos conseguem ser por vezes chatos e pesados, desbloqueio, ganho fichas, as suficientes pra me atrever nas mesas de apostas, sento-me, oi, hi, sou provocativo, I will win, misturado com uma gargalhada falsa, um lol maiúsculo e mentiroso, na minha mão um terno e um sete, de ouros e paus respectivamente, aposta mínima de dois, aposto, que se foda, se fosse a dinheiro vivo doía mais, o checo aumenta a parada, o Jean mais oito, o Bruno sabe-se lá de onde faz all in, eu paro, penso um pouquinho, esses caras ainda nem viram o flop, a mesa ainda nem tem carta virada, blefe do caralho!, meto a mão nas fichas, aumento, aumento, aumento, persistentes que são, se foda, all in, pronto!, vou ganhar, na mesa estão uma quadra de ouros, uma quina de ouros e um duque do mesmo naipe, e uma confiança absurda me toma enquanto jogador, um seis ou um ás e levo o pote, tenho a certeza, há de sair, straight flush, my dears, me aguentem, as apostas continuam, um árabe metido a shake coloca todas as fichas, seis mil e trezentas, eu rio, interiormente, coitado, está perdido, turn, Nãaaaao!, river, Uiiiiiiii!, um dez e um terno... Um par, um par é tudo que tenho, um par de ternos, um par de ternos, meu Deus, e o Abdul-Rafi Bin Aziz, respira confiante, imagino, trocista, um par de ternos é tudo que tenho, e no pôquer perdi, e aprendo, meu par não era o par perfeito. Ou ainda que o fosse, era pouco.

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