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28 outubro 2012

Poemeu de uma certa orfandade



Carinhosa ela que só-
Aidê.
Um, dois, cinco,
Seis, oito, nove filhos...
Tudo numa carreira só,
O mais velho de nove anos,
O caçula ainda bebê,
Os maiorzinhos vendendo bala,
Esguios, caçando o que comer,
O pequeno pedindo peito...
Oh, mulher, e o pai deles cadê?

Neguinho, o maiorzinho,
É daquele cabra safado,
Me largou com seis meses,
Os outros três são do finado,
Morreu de uma bala perdida,
Romarinho é do tenente,
Wender do seu Dedé,
O pastor da igreja da Encostadinha,
De Berimbau é o Luquinha,
Mileninha, de Pepeu
E o menor, eu cansei já,
Esse digo que é só meu.

Carinhosa ela que só-
Aidê.
Um, dois, cinco,
Seis, oito, nove filhos...
E um pai pra eles cadê?


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"Seja bem vindo quem vier por bem."