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08 novembro 2012

Prelúdio do não-escritor



        Vida de escritor não é fácil, certo? Até mesmo quem não é escritor sofre com as desventuras da mesma. Eu próprio, não sendo escritor, venho sofrendo amargamente porque a vida de escritor não é fácil. Porque se eu pudesse seria escritor e teria uma vida nada fácil. Escreveria romances tediosos com dezenas de personagens, tantas personagens que me esqueceria dos nomes, romances com ligações entre núcleos bem duvidosas, um potro enamorado por uma lebre mais veloz que ele, órfão de pai e mãe, adotado por um cágado das Galápagos, cujo tio era um nobre inglês amante de Lewis Carroll, o autor de Alice no País das Maravilhas, duas azeitonas bailarinas incapazes de dançar Danúbio Azul e sertanejo universitário em simultâneo, abandonam a dança e se aventuram nas cozinhas da grande Paris onde se tornam chefs renomadas, e um esquilo com ares de Sherlock Holmes atento a tudo isso, o único capaz de relacionar a miserável lebre às miseráveis azeitonas.
        Esse seria só o primeiro dentre muitos romances. Depois de um mais que adivinhado sucesso de vendas, dispararia a escrever como Agatha Christie, infinitamente. Uma outra ideia seria escrever um romance, fictício, claro, em que Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu seriam amantes, amantes de uma profusão tal que se fundiriam um no outro, teriam um ou dois filhos, um menino e uma menina, Feicebuque e Rêdi Sucial. Brilhante! Imaginem, Feicebuque Lispector Abreu. Um predestinado.
        Mas isso são apenas ideias. No campo das ideias são inúmeras as possibilidades. Já no plano real, objetivo e palpável... Mesmo um não-escritor como eu gostaria de publicar um livro. Meteram-nos na cabeça aquela sandice de que precisamos “plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”. Eu não sendo diferente dos demais ingênuos e crédulos, acreditei. E tenho me esforçado. Embora meus esforços possam não ser suficientes para gerar alguma outra coisa que não seja de uma má qualidade desprezível.
        Forte, relutante e briguento, por vezes, venho lutando. O não-escritor que quer ser escritor e ter uma vida nada fácil, precisa de editora, de ter alguém que aposte nele, de ser lido, de ganhar algum com isso, por que não?, tem palavra que enche boca, mas barriga tem não, e de tantas outras coisas que me escuso aqui enumerar. Algumas nem descobri ainda. Houvesse eu descoberto e seria o não-escritor mais escritor do mundo. Mas sempre com uma vida nada fácil.
        E pronto, extrapolei.
        Mas que aquelas minhas ideias pra romance são demais, isso são. 

        A história em quadrinhos abaixo é do gibi do Zé Carioca nº2373.




        Se o mundo não acabar em dezembro, Nestor patrocinará meu livro no início de 2013. Em princípio. E digo em princípio, porque é como sempre venho dizendo, vida de escritor não é fácil. Nem mesmo a do não-escritor escritor. Adiamentos, datas, respostas, esperas, ânsias... Para além de que a Anacozeca não terá qualquer interesse no meu livro. 

        Mas v´ambora, em frente que atrás vem gente. Confiemos no talento dos editores. :)


        Quid idea!




Um comentário:

"Seja bem vindo quem vier por bem."