Josefa amava Raimundo,
que amava a vida boêmia. Um dia, ele disse: “Josefa querida, você sabe que eu
amo você... Mas não sei... Acho que ainda não estou preparado para assumir um
compromisso”.
O namoro de anos acaba,
a moça chora, o rapaz se anima – ninguém perturbará sua liberdade. Viva! Viva!
Andará solto qual coruja soprando as madrugadas em cima dos telhados.
Poucos meses depois,
Josefa sabe por uma amiga carpideira – Raimundo se casou. Não consegue segurar
o pasmo. Raimundo, aquele Raimundo, o que não estava preparado há meia dúzia de
meses atrás, se casou. Questiona: é o mesmo Raimundo? Você tem certeza? É, sim,
é o mesmo. Inacreditável! O homem boêmio deu de repente o nó. A mãe de Josefa
se indigna: que cabra safado! Mentiroso duma figa!
Não muito distante
dali, Robertinho se restabelece. Terezinha acabara o namoro. Era muito nova
para se casar. Ainda mal completara vinte anos. Precisava viver, conhecer mais,
estudar, se formar... Não podia se prender. Robertinho era um rapaz formidável,
uma pessoa incrível, e era impossível mensurar o que sentia por ele. Mas era
cedo!... Você entende, Robertinho? É cedo! Quem sabe um dia...
Robertinho
sofreu demais. Chegou a pensar em suicídio. Principalmente quando a mãe,
insensível, chegou da rua e disse: “Robertinho, meu filho, Dona Filó acaba de
me contar que Terezinha, sua ex, se casou na semana passada”. Robertinho ficou
entre o desmaio e a cólera. Levantou-se da mesa de jantar e foi para o quarto.
Pegou o estilete, balançou, corto x não corto os pulsos, até que adormeceu no assoalho.
Você sabe com quem
casou Terezinha? Com Raimundo. E hoje mesmo Josefa começou a namorar com Robertinho.
Serão felizes? Eu sei lá! Sei que liberdade e boêmia não fazem cafuné. E que
não há idade para amar. E que o amor dá umas voltas que não são de fiar.
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