Sinto, às vezes, nas horas mais conscientes
Um assomo do outro mundo
Um abalo repentino, um tremor profundo
E se me parece vago tudo isto e isto tudo.
De tudo, desta vida, sinto um alheamento sem fim
E, como se deste mundo não fora, enxergo tudo de fora de mim.
Não encontro par nem raízes; alguém, porventura, me jogou aqui.
São-me estranhos os modos, as ruas, os risos
As pessoas, de todas as cores;
Deslocadas e tolas as esperanças, todos os amores...
Eu não sou daqui.
Meu é o turbilhão e o desgaste
A pressa e a urgência de fugir.
De quê? Para onde? Não sei!
Tem de haver para onde ir?
Nas horas mais tristes e nas mais felizes
Turvam-se-me os sentidos
O mundo para num solavanco. Eu parei.
Enquanto isso, os outros se passeiam, diante de mim, frame a frame
E, uma e outra vez, a voz, uma voz que vem:
"Isso não é teu" - acusa;
"Este mundo não é de ninguém".
Eu murcho.
Não é meu o rouge da dracena?
Não é meu este poema?
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