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11 dezembro 2012

Crônica do Fim do Mundo



        

        Fim do Mundo. Um espetáculo! Curiosamente não sei e, pelos vistos ninguém sabe, se será lá para os lados da Coreia, se será logo a seguir à Groenlândia, pouco depois do Cabo das Tormentas, Adamastor terrível, ou pouco depois da Patagônia. O início, sim. Um problema roçando o risível e perfeitamente descabido. O Fim do Mundo, afirmam os argutos intérpretes e estudiosos da civilização Maia, estará acessível a todos (quanto a isso podem descansar), do Canadá à Austrália, da África do Sul à Noruega, da Papua às Filipinas, do Haiti à Cochinchina. Em HD.

        E isto, meus caros, sejamos honestos, só é possível graças à crescente evolução tecnológica, internet, redes sociais e outras porras mais. 
        Ninguém ainda sabe por onde vai começar (os organizadores são adeptos de um suspense), mas não será bonito acompanhar um livestream do início do Fim do Mundo nas terras de Putin, por exemplo? Ou na China. Que me dizem da China? Nada contra os “putinianos”, nem contra os chineses. Penso até que seria bastante meritório para esses povos fazerem a abertura de tão grande evento, tanto ou mais que a abertura de umas Olimpíadas. Aposto que britânicos e americanos ficariam com uma pontinha de inveja.

        Imaginem, hipoteticamente, se os americanos, “um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”, os primeiros a colocarem um homem na Lua, não gostariam também de serem os primeiros a colocarem alguém no fim do mundo. Gostariam! Está claro que gostariam. A CNN faria uma cobertura exaustiva desse outro marco da supremacia norte-americana: “the first man at the end of the world is american”, isso misturado a um autêntico réveillon na Times Square. Ten, nine, eight, seven, six, five, four, three, two, one, booooooooom!  

        Breaking News: “O primeiro homem no fim do mundo é Americano, chama-se Countrystrong, e suas palavras foram: um pequeno passo para o Cosmos, o último para a humanidade. E não foi por culpa dos iranianos.”

        Patético? Não, é assim que eu imagino. Depois... Bom, depois é o fim. Claro. Acaba tudo. As estações de televisão encerram suas emissões, não tem televendas, não tem nada e vão todos para casa.

        Alguém me disse: “se tiveres fé e acreditares que tu e tua casa (família) sereis salvos, então serás salvo”. Querem saber? Puta que pariu! Palavras reconfortantes. Porque se há merda em que acredito é nisso; logo, eu e os meus estaremos salvos. (desculpem a linguagem, foi a emoção) E tão ciente disso quanto é possível, confiança plena, procuro na rede os ingressos para tal marco histórico. Estou disposto a pagar até 500 reais, parcelados no cartão, por cabeça, eu, minha esposa, meus sogros e cunhada. Só não quero ficar muito perto da tela. É uma dificuldade danada acompanhar as legendas.

 



 

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