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30 novembro 2013

Sentido




Busco o sentido
                 E dos sentidos todos                   
Meu sentir em tudo difere
Uma hora dos sentidos mesmos
Que a mundana gente veste
Outra hora de somenos
Só de mim meu ser se ateste

Mas ainda que nisso achasse
Para mim sentido algum
Não era perdido todo
Meu ser sem sentir nenhum

Olho meu interior
Coisa simples, quanta pobreza!-
De resto é assim toda alma humana:
Duas assoalhadas- alegria e tristeza-
De um lado um quadrado de quatro por quatro:
É bom o compasso, e danço
Samba, roque, ritmos vários;
Do outro, uma sala do mesmo tamanho
Luz vaga...

Lá me martirizo, me culpo...
Lá me choro, lá me sofro...
Se me quiserdes encontrar estou lá
Maioria das vezes
Enrolado num lençol de flanela
Jogado numa cadeira de balanço
Vendo a vida passar diante da janela

Sou como a árvore fronteiriça
Tímida, de cismadas raízes
Para onde? Qual dos dois países?
A mim falta-me o sentido



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"Seja bem vindo quem vier por bem."