Um dia ficarão as cartas sobre a
mesa, esparsas, alheias ao gozo do lance. Eu e ela seremos fios de sombras
imberbes sulcadas na tua pele argilosa, indeléveis, mas estultas. Se abrirão
teus poros cálidos, minha mãe, ao orgânico esquecimento, e nós, instantes
apenas, não seremos, como blefes cujos intentos se consomem. Ninguém nos
chorará. Antes o verme se regozijará, sedento; seremos, enfim, banquete – o soube,
confesso, desde sempre. Não agradando a todos - aos de Lampião e aos de
Viriato, simultaneamente -, agradaremos aos de zilz, soberbos hospitaleiros de
eclético palato. Ficarão os cabelos, sujos, porcos, lembrando-nos, pertinentes.
Mas isso será depois... Só
depois. Por ora, embaralho as cartas, capricho no corte... Dê-me a fortuna boas
mãos. O lance é o momento. E o jogo é esse.
Violento este texto, porem verdadeiro.
ResponderExcluirQue nossas mesas estejam agora fartas de prazeres.
Depois seremos pó onde os vermes se escondem nesse interior de barro desfeito.