Páginas

13 fevereiro 2015

Neve

Cobrem-se os montes, cobrem-se os vales...
Cobrem-se as ruas de Baixo e de Cima:
a neve chegou.
Branca, purinha...
E Tarcísio, gelado,
mancando apressado,
a casinha entrou:

"Ó de casa! Ó de casa!",
e ninguém achou.

Tarcísio, curioso,
ao fogão se achegou.
Que sopa de carne
gostosa olhou!

Ah, mas isso não vale,
logo lembrou,
comer do que não
ele cozinhou.

"Se o meu pai sabe
zanga de verdade;
por muito bem menos
mãe o desgostou."

Sobe escada
(é sua a casa),
num instante parou.

Cai fiapo na janela.
Branco, branquinho,
de algodão...

Corpo quente, corpo quente,
casa dentro se esquentou.
Tarcísio, esconda não!
É na neve o coração.

Mas, alto, quem vem lá?
Deu o chão de trepidar.
É um homem de palha
confuso de seu lugar.

(Um personagem a mais;
veio só caçoar)

Tarcísio desce escada,
desce escada...
Pom! Pom! Pom!
Desce escada...
Pom! Pom! Pom!

Menino na rua,
quanta emoção!
Menino sozinho
não é mais, não.

Tem um amigo branquinho,
corpo de algodão...
Amigo de neve
de sorriso largão.

Amigo de neve,
vai embora não.
Amigo de neve,
vai embora não.


Um comentário:

"Seja bem vindo quem vier por bem."