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15 novembro 2019

A janela de grafite

Certa vez, um rato viu-se desafortunadamente encerrado numa caixa de papelão. Era uma caixa robusta, fechada em todos os lados - no topo, nos quatros cantos, no chão... De modo que o pobre ratinho não tinha ao exterior qualquer acesso, muito menos lograva dele visão. Luz nenhuma adentrava o espaço. Seus dias eram passados na extrema escuridão; escuridão que tateava sôfrego e curioso. Quem sabe encontraria sua salvação! Por sorte, ao cabo de alguns dias, descobriu no chão da caixa vazia um lápis de grafite. Intuitivamente, apressado até mais não, desenhou uma janela numa das laterais da caixa. A partir daí, a todo momento se sentava defronte dela e conseguia mesmo, pasmem, enxergar o mundo lá fora. "Ah! Que bom que é sentir a brisa! Ah! Não fosse esta janela e o ar seria irrespirável! Ai! Bendita janela!" E assim passou muitos dias e muitas horas. Tantas que a conta se perdeu. Um dia, porém, abriu-se ao lado da janela de grafite uma janela de verdade, grande, bonita, por onde o sol adentrou. O mundo lá fora era intenso - os ratos corriam para um lado e para outro atarefados, doidos, ocupados, às voltas com seus trapézios, e o mundo era uma mistura de azuis, verdes e cinzentos. Era o mundo tal como o conhecera. O pobre ratinho espreitou uma e outra vez, esfregou os olhos e foi sentar-se diante da janela de grafite. 

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