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29 junho 2014

A nossa casa imaginária


              Uma casa imaginária, pediu-me ela. E eu pensei dias e dias. Escusado. Escusados foram tantos pensares, confesso. Minha casa imaginária vive dentro de mim desde menino, descobri, e eu dentro dela. Tem janelas de par em par, brindadas por estrelas, paredes forradas com poemas. Fica no alto de uma árvore, grande, de todas a mais bela, para onde subo ao fim do dia por escadas em carrossel, gastas e velhas. Os móveis são poucos, castanho, madeira, quatro escapas e duas redes, uma lua para curtir com ela.
                De noite tem vagalumes, silêncios, aconchego. De manhã, bem-te-vis e perfumes, sorriso e mais apego. À tarde, pipoca e cinema, que assistimos em pequena tela, catorze polegadas. Rimos e choramos. Metemos o pau na trama. E às vezes, só às vezes, de nossa casa descemos. Lá em cima tudo é mais belo.

ilustração de Magnólia Barbosa
                                        

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"Seja bem vindo quem vier por bem."