Uma
casa imaginária, pediu-me ela. E eu pensei dias e dias. Escusado. Escusados
foram tantos pensares, confesso. Minha casa imaginária vive dentro de mim desde
menino, descobri, e eu dentro dela. Tem janelas de par em par, brindadas por
estrelas, paredes forradas com poemas. Fica no alto de uma árvore, grande, de
todas a mais bela, para onde subo ao fim do dia por escadas em carrossel,
gastas e velhas. Os móveis são poucos, castanho, madeira, quatro escapas e duas
redes, uma lua para curtir com ela.
De noite
tem vagalumes, silêncios, aconchego. De manhã, bem-te-vis e perfumes, sorriso e
mais apego. À tarde, pipoca e cinema, que assistimos em pequena tela, catorze
polegadas. Rimos e choramos. Metemos o pau na trama. E às vezes, só às vezes,
de nossa casa descemos. Lá em cima tudo é mais belo.
ilustração de Magnólia Barbosa
Gostei muito da casa imaginária...
ResponderExcluirAbraço.