No lugar de ouvidos olhos
Só dois, na certa medida
De dar inveja aos zarolhos
Feliz e cheio de vida
O Mostrengo não era mais
O mostrengo que havia sido
Era agora por demais
Bonito e grande partido
Não eram as mãos de galinha
Nem quadrados os seus pés
Era todo fina linha
Perfeito, a valer por dez
Tinha conta na Suíça
Casacos ricos de pele
Um emprego na justiça
Promotor Pedro Fidele
Em todo lugar respeito
À sua figura tinham
Fosse arcebispo ou prefeito
Os distantes se avizinham
E procurou a moça, então
Filha do Major Belém
Não olvidava o coração
O quanto lhe queria bem
Chegado pois na cidade
Aprontaram a recebê-lo
Com tal cordialidade
Que, Deus meu, queria vê-lo
"Senhor Promotor, bem vindo
Muito nos honra a visita
O tempo não seja findo
Aqui estando, Mãe bendita!"
Todos fizeram jantares
Do mais célebre ao menor
E no meio desses andares
Veio convite do major
Aceitou, claro que sim
Era já muita a espera
À ânsia poria fim
Nossa, assim mesmo é que era
Na noite certa, na hora
Sentou com todos à mesa
Virgem, ai Nossa Senhora!
É a moça, tem certeza?
Tomou sua face o horror
Pois amava uma mostrenga
"Não pode não Promotor
Namorar uma capenga
Pense bem, Senhor Doutor
Pro respeito é uma perda
É muito bonito o amor
Mas veja bem como é lerda"
Pensando isto se engasgou
E quase era ele finito
Oh, quando pôde zarpou
"Aqui não volto, está dito"
Caro leitor, um aviso
Tem mostrengo promotor
Que bem não age em juízo
E só quem perde é o amor
(Fim)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Seja bem vindo quem vier por bem."