Essa coisa dos mundos é curiosa. A
definição de mundo é curiosa. As pessoas têm diferentes definições de mundo. Se
pedirmos a trocentos indivíduos que definam “mundo”, aposto que ouviremos umas
trocentas perspectivas diferentes. Nós somos diferentes. A única constante é
que nessas centenas de definições virão acoplados, invariavelmente, uns e
outros pronomes possessivos. Dizemos “o meu mundo”, o “nosso”, o “deles”… Quer
dizer, o “deles” pouco
importa. E talvez por isso quase nunca o mencionamos. No máximo, sentimos uma
ligeira curiosidade. Afinal, é deles. À sua imagem e semelhança.
Já entendeu? Vivemos em mundos dentro de
mundos que cabem num mundo maior que é o nosso planeta. Cada um de nós tem um
mundo ou vários mundos. Eu tenho vários. Por exemplo, um dos meus mundos é meu
quarto, e ai de quem se atreva a violar-lhe o espaço! É meu, e ponto final.
Outro mundo meu é o que mantenho com meus amigos. Poucos, mas que riem das
mesmas besteiras que eu. De tal forma que só nós nos entendemos. E quando
alguém quer entrar no nosso mundo - um estranho - ficamos alerta, jogamos à
defesa… Para que entrar mais alguém nesse mundo que tão carinhosa e sabiamente
idealizamos? Para quê? Por que há de minha mãe- uma perfeita intrusa, que só
por acaso lava minhas roupas e cozinha meu almoço- entrar nesse mundo perfeito
que é o meu quarto?
No fundo, nossos mundos são idealizações
que fazemos. E por isso, neles só entra quem nós queremos, deles só faz parte
quem bem nos apetece.
Também por isso, vemos a classe alta
brasileira reclamar, sentida com o frequentar dos aeroportos, teatros,
restaurantes, antes só frequentados por eles, antes seus únicos e exclusivos
mundos, pelas classes mais baixas. O problema maior nem sei se será os ricos terem
mundos só deles, baseados nos seus anseios e possibilidades. Eu tenho meus
mundos. Você tem os seus mundos.
O problema maior é quando seu mundo
choca com o mundo dos outros. O problema maior é quando, do que é de todos,
você pretende fazer um mundo só seu. O problema maior é você achar ter o
direito de banir de um espaço público alguém que você julga estar invadindo seu
mundo. O problema maior, o maior de todos, é ter-se permitido, de alguma forma,
que alguém, no “nosso” mundo, pensasse assim.
Mas eu não sou a melhor pessoa para
falar disso. Odeio quando meu pai - que só por mero acaso paga minhas contas e
minhas roupas - usa meu toca-discos.
Bom dia
ResponderExcluirTodas as pessoas são iguais mas cada uma constrói o seu mundo e tem as suas convicções.as suas dúvidas e certezas.
Cada dia se torna mais difícil saber o que está certo ou errado.
Precisamos estar bem formados e informados para não seguimos caminhos errados, dúbios ou que não têm retorno. Hoje destrói-se facilmente uma cultura em nome de doutrinas sem ética nem outros valores.