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31 agosto 2014

Montezuma

Fez-se o silêncio e o espanto na hora primeira.
Mirada pura e curiosa augúrio incerto vislumbra...
São deuses magnânimos em corcéis dourados montados.
Não creem teus olhos no que veem, Montezuma!

Toma o fogo o que se não tomava por seu, áspero e resiliente
Como o clamor noturno toma as noites em espiga.
Os gritos- ai, os gritos! - preferem a fuga...

Chegam depois as embarcações, imponência de outro mundo.
"Vem, Quetzalcóatl, pujante e desmedido, é nosso destino!" -
O ânimo em recobro gritais introspectivo.

O outrora vosso, efêmero, por Deus foi requerido
E requeridas são tuas terras, teu sangue, mulheres e filhos
Como requeridos são os ouros e as pratas, teus silêncios e estribilhos.

Montezuma, depõe-te o deus europeu, civilizado e esplendoroso,
A língua de deuses falando, de palato dourado e buliçoso.
Traz no coração a fome e a sede dos metais, nas mãos um livro piedoso.
É dele quanto era teu e outrora te confiou como num sonho.

Não te aflijas. Vós continuareis sendo, ainda por muito tempo...
E teus filhos e netos prosperarão. Serão agora mais do que filhos de Montezuma,
Serão filhos de Deus. O Único.


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