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12 novembro 2014

Absolutamente

Verdade absoluta: vejo aquilo que quero. O que não quero, meu senso filtra, esconde, minimiza. É irrelevante. Não perderei nunca o meu tempo com detalhes mínimos, com assuntos sobre os quais não me interesso, com pessoas que não me despertam... Retirai os marrons dos quadros da minha infância, as rimas interpoladas das quadras dos poetas de botequim... Retirai o "se", o "talvez" e o "a fim". Não há espaço para misericórdias. Sejamos conclusivos quanto baste. Orações condicionadas, hipotéticas ou teleológicas não me servem. Uso 40. Sou 40 de pé e de revólver. E só peço do justo o que é justo, e do cabível o que me cabe.
O mundo é dissonante!, queixais-vos. Foda-se a dissonância, os mesquinhos seres desordeiros, sua vida própria. Fodam-se as conjecturações, o acho e o penso que. Fodam-se as interpretações, as subjetividades idiotas. Foda-se! Foda-se!
Poupai-me as dúbias histórias de amor, as tentativas semi-trágicas de suicídio, os atos falhos, as meias verdades. Sou inteiro. Avesso a partes e metades, às divisões costumeiras. A matéria não é de formas meias. É de completudes, de preenchimento, de infartos.
Quero pores do sol definitivos, noturnas verves crônicas, teimosas, absolutas. Quero o silêncio todo, o estrondo completo... Toda a vida, o baque na sua totalidade. As nódoas negras, as maiores sejam as minhas. As dores sejam de fato. Odeio o gemido tímido, pequeno, sem vida. A vida só presta quando intensa. Intensa é de verdade. Absolutamente.

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