Porque eu sou cliché, hoje mesmo sou menino, de uns
quatro para cinco anos, sem problemas, só sorrindo, à vista de um balão imenso
colorido, de uma bola de gomos profissional de futebolista, de um robot esperto
com suas tagarelices. Sabe?, eu, menino de quatro para cinco anos, não morro.
Nunca morri. Dos olhos guardo o mesmo brilho, ora alegre, ora triste; da boca,
as mesmas interjeições e espantos; dos ouvidos, as mesmas surpresas e apetites.
Meu apetite auditivo é enorme, e melhor escuto do que me comunico. O que quero
é absorver o mundo, o dito e o não dito. De resto, sou mudo, vez ou outra. O
mais que fale é tão pouco diante de tudo!
Não morri. Tenho hoje de quatro anos para cinco.
Ainda não sou alfabetizado. O mais que leio é o mundo. Mas, sabe?, das leituras
que faço desse mundo, esse mundo de quatro para cinco é danado de lindo!
Tenhamos esperança e haverá sempre um menino criança que nunca morrerá dentro denós
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