Antes de eu morrer, meu pai me disse, "não era pra ser assim". Pois, não era... Mas foi... Pegou minha mão pálida, meio fria, meio sem vida, afagou-a e beijou.
Minha mãe rezou muitos Pai-Nossos e Avé-Marias, manhãs, tardes, noites, Pai-Nossos, Avé-Marias e outras orações que eu nem sei. Mas não adiantou. Mesmo o seu Deus, que devia ser mais clemente e piedoso que o meu, lhe mereceu muitas mais rezas e promessas, não intercedeu por mim. Nem me salvou.
Meus tios e meus primos iam jantar lá em casa, o tio Raul levava um vinho, maduro, Mouchão, a seu gosto, as tias Rosa e Sandra ajudavam mãe na cozinha e os primos, a Ana, o Lucas, o Andrezinho, a Rita, o Luisinho, o Felipe, jogavam queimada em volta da casa, eu ouvia, oh, gritaria que era!, entre um cochicho e outro de pai e tio na sala de estar, tenho tanta pena, João, tenho tanta pena, imaginava seus traços graves, chorosos e uma lágrima me pendia dos olhos, gorda e corajosa, sulcando meu rosto até os lábios, salgada e definitiva... Não era pra ser assim...
Nem sempre a vida é como queremos, gostei do seu texto!
ResponderExcluirAbraços.