A metáfora, a bolha de aço invísivel pairando sobre nossas cabeças, ocupada pelo poder, acertadamente denominado de capital, é excelente. A encenação é dura, cínica, corrosiva. Bem conseguida. Falta perder a paciência.
Abaixo um ligeiro trecho da apresentação de "Este lado para cima: isto não é um espetáculo", gravado na noite do dia 4, frente ao Teatro Alberto Maranhão, Natal-RN.
Desculpem a má qualidade da imagem. Foi gravado com um celular Sony Ericsson, câmera de 2 MP.
A apresentação da Brava Companhia gira em torno do poema de Mauro Iasi, Quando os trabalhadores perderem a paciência...
As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não haverá concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas farão coisas de maior pertinência
Mas só quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Mas só quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Mas só quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juízes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a merda da paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
Diremos em coro e bem alto:
"Declaramos vaga a presidência!"
(adaptado por Brava Companhia)
Utópico? Que nada! Em outro tempo, quem sabe? O Zeca já começou despedindo seu patrão... É só seguir a mesma linha.
"ele roubava o que eu mais valia"
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