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07 agosto 2012

Quando os trabalhadores perderem a paciência...

        Não sei, mas penso se tratar de um tempo ainda distante, esse em que os trabalhadores perderão a paciência, em simultâneo. Até lá, ficamos com manifestações teatrais como a da Brava Companhia de São Paulo, em tudo satíricas e necessárias, sobretudo, ao despertar de consciências.
        A metáfora, a bolha de aço invísivel pairando sobre nossas cabeças, ocupada pelo poder, acertadamente denominado de capital, é excelente. A encenação é dura, cínica, corrosiva. Bem conseguida. Falta perder a paciência.

        Abaixo um ligeiro trecho da apresentação de "Este lado para cima: isto não é um espetáculo", gravado na noite do dia 4, frente ao Teatro Alberto Maranhão, Natal-RN.


Desculpem a má qualidade da imagem. Foi gravado com um celular Sony Ericsson, câmera de 2 MP.

        A apresentação da Brava Companhia gira em torno do poema de Mauro Iasi, Quando os trabalhadores perderem a paciência...

As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não haverá concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas farão coisas de maior pertinência
Mas só quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Mas só quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Mas só quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça 
Nem juízes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a merda da paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
Diremos em coro e bem alto:
"Declaramos vaga a presidência!"
                                                             (adaptado por Brava Companhia)


        Utópico? Que nada! Em outro tempo, quem sabe? O Zeca já começou despedindo seu patrão... É só seguir a mesma linha. 


"ele roubava o que eu mais valia"





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