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26 dezembro 2019

Amor ao quadrado


Josefa amava Raimundo, que amava a vida boêmia. Um dia, ele disse: “Josefa querida, você sabe que eu amo você... Mas não sei... Acho que ainda não estou preparado para assumir um compromisso”.
O namoro de anos acaba, a moça chora, o rapaz se anima – ninguém perturbará sua liberdade. Viva! Viva! Andará solto qual coruja soprando as madrugadas em cima dos telhados.
Poucos meses depois, Josefa sabe por uma amiga carpideira – Raimundo se casou. Não consegue segurar o pasmo. Raimundo, aquele Raimundo, o que não estava preparado há meia dúzia de meses atrás, se casou. Questiona: é o mesmo Raimundo? Você tem certeza? É, sim, é o mesmo. Inacreditável! O homem boêmio deu de repente o nó. A mãe de Josefa se indigna: que cabra safado! Mentiroso duma figa!
Não muito distante dali, Robertinho se restabelece. Terezinha acabara o namoro. Era muito nova para se casar. Ainda mal completara vinte anos. Precisava viver, conhecer mais, estudar, se formar... Não podia se prender. Robertinho era um rapaz formidável, uma pessoa incrível, e era impossível mensurar o que sentia por ele. Mas era cedo!... Você entende, Robertinho? É cedo! Quem sabe um dia... 
Robertinho sofreu demais. Chegou a pensar em suicídio. Principalmente quando a mãe, insensível, chegou da rua e disse: “Robertinho, meu filho, Dona Filó acaba de me contar que Terezinha, sua ex, se casou na semana passada”. Robertinho ficou entre o desmaio e a cólera. Levantou-se da mesa de jantar e foi para o quarto. Pegou o estilete, balançou, corto x não corto os pulsos, até que adormeceu no assoalho.
Você sabe com quem casou Terezinha? Com Raimundo. E hoje mesmo Josefa começou a namorar com Robertinho. Serão felizes? Eu sei lá! Sei que liberdade e boêmia não fazem cafuné. E que não há idade para amar. E que o amor dá umas voltas que não são de fiar.

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