Zibelinho, zangão tristinho
Vivia junto da praça
Num canteiro de amor-agarradinho
Ainda novo, pequenino
Zangou-se o zangão um dia
Sabedor de seu destino
No coração pulando Maria
Rainha virgem fecunda
Não interessa a ele agora
Sua sorte é rotunda
"Acasale e logo morra"
Mas como fugir, joaninha,
De malfadada sina?
Noventa dias não lhe bastam
De paixão forte, imensa
E quando os olhos dela nele encaixam
Seu fado lhe cai como uma ofensa
Maria, tua graça me dês um dia
Nem que ao de leve te beijar
Me tomaria de todas as alegrias
De que meu coração se possa tomar
Mas e Maria quem era?
Maria, a pretendida
Maria quem era?
Quem era Maria?
Maria voava solta
Vagava matutina a linda libélula
Bebia a geada nas heras
Pousava ligeira na agédula
Cogumelo encarnado
Era seu cais de repouso
E de olhar apiedado
Saudava o zangão jocoso
Sem palavra Zibelinho
Se lhe tolhia toda coragem
Se escondia entre agarradinho
Coração a alta voltagem
Joaninha, amiga dedicada,
Com ele se resguardava
“Fazeres algo é necessário
Já dá dó teu dó diário
Prometo, procuro ajuda
Pra lá da praça e montes
Certeza alguém te acuda
deste ou de outros horizontes”
E assim foi
Trouxe a joaninha um dia
Das terras do “Odispois”
Um sapo de feitiçaria
Que os enlaçasse os dois
O zangão Zibelinho
E a libélula Maria, ora pois
“Aviso já, caro amigo,
Só nisso vejo um perigo
A cavalinho-do-diabo
Se exige trabalho brabo”
Mas mal não tinha nenhum
Pra Zibelinho era premente
Que o trabalho fosse em frente
Ela não era diabo algum
Ora assim sendo
Deu-se o enredo
Sapo coaxa em segredo
Coisa de feiticeiro negro
Có-có-có có-có-có-ri-có
Se ouviu num instante
Zibelinho ora galo
Pomposo e bem cantante
“Oh! Oh! Oh! Oh!
Maravilha! Assombro!”
Gritava o sapo Totó
Tentando o pegar em ombros
Mas, Deus do céu,
Desafortunado
Inda era o zangão galo
Veio dona Clô co sarrafo
Ora nem zangão nem galo
Ora nem joaninha ou sapo
Ora agora só tem libélula
Voando leve no espaço
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