As pessoas que se revoltam contra os opressores são
facilmente reconhecíveis, por serem as únicas que parecem estar se divertindo.
Os opressores geralmente são obrigados a andar de terno e gravata, possuem
terras e tocam suas vitrolas até tarde sem que ninguém possa reclamar. Sua
função é a de manter o status quo, uma situação pela qual tudo fica exatamente
como está, embora costume levar uma mão de tinta de dois em dois anos.
Quando os opressores se tornam muito rígidos, passamos a ter
o que se conhece como Estado policial- no qual proíbe-se discordar, dar
risadinhas, usar gravata-borboleta e referir-se ao Sr. Prefeito como Bolão. As
liberdades civis são extremamente limitadas num Estado policial, entre elas a
liberdade de expressão, embora a arte da mímica continue permitida. Nenhuma
crítica ao governo é tolerada, principalmente a respeito do estilo de dançar da
primeira-dama. A liberdade de imprensa também é coibida, sendo o noticiário
controlado pela Censura, a qual libera apenas as ideias políticas aceitáveis e
certos resultados de futebol, desde que não causem comoção entre os torcedores.
Os grupos que se revoltam são chamados de oprimidos e estão
sempre se queixando de que trabalham muito ou de que vivem com enxaquecas.
(Deve-se observar que os opressores nunca se revoltam ou tentam transformar-se
em oprimidos, já que isto os obrigaria a mudar o estilo de suas cuecas.)
Alguns famosos exemplos de revolução são:
A Revolução Francesa, na qual os revolucionários tomaram o
poder pela força e logo trocaram os cadeados de todos os palácios, para que os
nobres não pudessem entrar. Em seguida, fizeram uma baita festa e
guilhotinaram-se uns aos outros. Quando os nobres finalmente recapturaram os
palácios, tiveram de fazer uma reforma geral, devido ao excesso de manchas nas
paredes e tocos de cigarro pelo chão.
A Revolução Russa, que se arrastou durante anos, só explodiu
quando os bolcheviques finalmente concluíram que o Tzar e o Czar eram a mesma
pessoa.
Deve-se observar que, quando uma revolução termina, muitas
vezes os oprimidos passam a comportar-se como os opressores, sendo dificílimo
para os seus novos súditos conseguir falar com eles ao telefone, filar-lhes um
cigarro ou tomar-lhes dinheiro emprestado.
Alguns métodos de desobediência civil:
Greve de fome. Quando o oprimido fica sem comer até que suas
exigências sejam atendidas. Os opressores mais insidiosos costumam deixar
bolachas ao alcance do oprimido, quando não queijos franceses, mas este tenta
resistir a todo custo. Se o partido no poder conseguir obrigar o grevista a
comer, isto significa que não terá muito trabalho para acabar com a
insurreição. Se não apenas conseguir obrigá-lo a comer, como ainda fazê-lo
pagar a conta, pode estar certo da vitória. No Paquistão, uma greve de fome foi
encerrada quando o governo distribuiu uma série de pratos cordon bleu, que as
massas acharam pouco político recusar. Mas isso é raro de acontecer.
O problemas da greve de fome é que, depois de alguns dias,
fica-se com uma bruta fome, e o governo então se aproveita para fazer com que
todos os alto-falantes transmitam exclamações como “Hmmm... que delícia esta
galinha...” ou “Pode me passar o molho?” ou “Já provou esta mousse?”
Uma variação da greve de fome, para aqueles cujas convicções
políticas não são das mais radicais, é a de recusar-se terminantemente a comer
jiló. Esse pequeno gesto, quando usado com eficiência, pode influenciar profundamente
um governo, sendo bem conhecido o caso de Mahatma Gandhi, cuja insistência em
comer salada sem vinagre obrigou o governo britânico a muitas concessões. Além
da comida, um grevista pode privar-se de muitas outras coisas, entre as quais
jogar biriba, sorrir para o carcereiro ou imitar uma garça.
Greve sentada. Quando uma pessoa escolhe um determinado
lugar da fábrica e senta-se sem trabalhar. Mas, quando se diz “senta-se”,
deve-se entender sentar mesmo, e não ficar de cócoras- uma posição sem menor significado
político, a não ser que o governo também esteja de cócoras. (Certos governos
vivem agachados diante de outros.) O objetivo é permanecer sentado até que o
governo atenda às exigências do grevista. Como na greve de fome, os opressores
tentarão por todos os meios fazer o grevista levantar-se. Poderão dizer: “OK,
rapazes, hora de ir para casa!” ou “Podia levantar-se um pouquinho? Queria ver
se você é mais alto do que eu”.
Passeatas. A principal finalidade de uma passeata é a de ser
vista pela população. Se uma pessoa faz sua passeata em casa, sozinha, isto
será não apenas um erro político, como também uma demonstração de burrice.
Uma clássica passeata foi a do Clube de Chá de Boston, na
qual os nacionalistas americanos, disfarçados de índios, despejaram o chá
britânico no mar. Mais tarde, índios disfarçados de americanos despejaram os
próprios ingleses no mar. Em seguida, os ingleses, disfarçados de bules de chá,
despejaram a si próprios no mar. Finalmente, um grupo de mercenários alemães,
vestidos com os figurinos de As Troianas, jogaram-se no mar sem razão aparente.
Durante uma passeata é conveniente levar faixas e cartazes,
para deixar bem clara a posição dos manifestantes. Algumas sugestões de
dizeres: 1) Abaixo os impostos; 2) Abaixo a inflação; 3) Abaixo a ditadura; 4)
e vice-versa.
Outros métodos de desobediência civil:
Concentrar-se em frente ao palácio do governo e gritar a
palavra “pudim” até que as exigências sejam atendidas.
Engarrafar o trânsito da cidade conduzindo um rebanho de
carneiros pela avenida na hora do rush.
Telefonar a Membros do establishment e cantar alguma canção
de protesto ou de ninar.
Fazer-se passar por policial e então faltar ao serviço.
Disfarçar-se de alcachofra e dedurar o nome do presidente da
República aos serviços de informação.
Obrigado!
ResponderExcluirObrigado tava precisando, pois o livro que comprei veio com esse capítulo cortado!
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