Vida de escritor não é fácil, certo? Até mesmo quem não é
escritor sofre com as desventuras da mesma. Eu próprio, não sendo escritor,
venho sofrendo amargamente porque a vida de escritor não é fácil. Porque se eu
pudesse seria escritor e teria uma vida nada fácil. Escreveria romances
tediosos com dezenas de personagens, tantas personagens que me esqueceria dos
nomes, romances com ligações entre núcleos bem duvidosas, um potro enamorado por
uma lebre mais veloz que ele, órfão de pai e mãe, adotado por um cágado das
Galápagos, cujo tio era um nobre inglês amante de Lewis Carroll, o autor de
Alice no País das Maravilhas, duas azeitonas bailarinas incapazes de dançar
Danúbio Azul e sertanejo universitário em simultâneo, abandonam a dança e se
aventuram nas cozinhas da grande Paris onde se tornam chefs renomadas, e um
esquilo com ares de Sherlock Holmes atento a tudo isso, o único capaz de
relacionar a miserável lebre às miseráveis azeitonas.
Esse seria só o primeiro dentre muitos romances. Depois de
um mais que adivinhado sucesso de vendas, dispararia a escrever como Agatha
Christie, infinitamente. Uma outra ideia seria escrever um romance, fictício,
claro, em que Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu seriam amantes, amantes
de uma profusão tal que se fundiriam um no outro, teriam um ou dois filhos, um
menino e uma menina, Feicebuque e Rêdi Sucial. Brilhante! Imaginem, Feicebuque
Lispector Abreu. Um predestinado.
Mas isso são apenas ideias. No campo das ideias são inúmeras
as possibilidades. Já no plano real, objetivo e palpável... Mesmo um não-escritor como eu gostaria de publicar um livro. Meteram-nos na cabeça aquela
sandice de que precisamos “plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”.
Eu não sendo diferente dos demais ingênuos e crédulos, acreditei. E tenho me
esforçado. Embora meus esforços possam não ser suficientes para gerar alguma
outra coisa que não seja de uma má qualidade desprezível.
Forte, relutante e briguento, por vezes, venho lutando. O
não-escritor que quer ser escritor e ter uma vida nada fácil, precisa de
editora, de ter alguém que aposte nele, de ser lido, de ganhar algum com isso,
por que não?, tem palavra que enche boca, mas barriga tem não, e de tantas
outras coisas que me escuso aqui enumerar. Algumas nem descobri ainda. Houvesse
eu descoberto e seria o não-escritor mais escritor do mundo. Mas sempre com uma
vida nada fácil.
E pronto, extrapolei.
Mas que aquelas minhas ideias pra romance são demais, isso
são.
A história em quadrinhos abaixo é do gibi do Zé Carioca nº2373.
Se o mundo não acabar em dezembro, Nestor patrocinará meu livro no início de 2013. Em princípio. E digo em princípio, porque é como sempre venho dizendo, vida de escritor não é fácil. Nem mesmo a do não-escritor escritor. Adiamentos, datas, respostas, esperas, ânsias... Para além de que a Anacozeca não terá qualquer interesse no meu livro.
Mas v´ambora, em frente que atrás vem gente. Confiemos no talento dos editores. :)
Quid idea!
Amo seus posts, interessantes, completos, adoro te ler.
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